segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Pequeno texto de Carl G. Jung


Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer.
Carl Jung

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

O Mito de Prometeu


" Mito é o sentido, o significado, a representação dramática da sabedoria moral da raça. O mito usa a totalidade dos sentidos, e não apenas o intelecto.

Os gregos antigos tinham o mito de Prometeu, um titã que vivia no Olimpo e percebeu que os seres humanos não conheciam o fogo. Assim, roubou o fogo dos deuses para dá-lo aos mortais.

Para os gregos, daí nasceu a civilização, não só no que diz respeito a cozer os alimentos e fazer tecidos, mas no sentido da filosofia, da ciência, do drama e da própria cultura.

Mas, este é o ponto importante. Zeus ofendeu-se e ordenou que Prometeu fosse punido. 
Prenderam-no com correntes, no monte Caúcaso, e todas as manhãs um abutre ia devorar-lhe o fígado, o qual tornava a crescer durante a noite. 



Esse elemento do mito, diga-se de passagem, é o símbolo do processo criativo.
Todos os artistas já passaram pela experiência de, ao fim do dia, cansados, esgotados, e certos de jamais conseguirem expressar a sua imaginação, resolverem desistir e iniciar algo novo no dia seguinte. 
Mas, durante a noite, "o fígado volta a crescer". 
Erguem-se cheios de energia, e retornam ao trabalho com nova esperança, labutando mais uma vez na forja da alma".
Rollo May - A coragem de Criar

Sobre a Psique - Carl G. Jung



Psique – Termo de origem grega, indica o sopro que torna vivo em corpo, que o anima. Platão traduziu-o por “alma”.

A Psique, essencialmente simbólica, reúne todos os aspectos da personalidade, os sentimentos, pensamentos e comportamentos, tanto conscientes quanto inconscientes; sua função consiste em harmonizar e regular internamente o indivíduo, orientando-o para o convívio social, além do que ela tem uma função teleológica, ou seja, ela sempre possui um objetivo e direciona o indivíduo para a realização de um propósito relacionado à essência de cada um.

Segundo Jung, ao nascer cada um já traz consigo uma essência, a qual precisará se tornar consciente, desenvolver-se e atuar no mundo de maneira integrada e harmônica. Porém, quando tal não acontece, a pessoa se distancia de si própria, criando doenças físicas ou psíquicas, que geram conflitos e desavenças.

A Psique é constituída por diferentes partes, que interagem : a consciência, o inconsciente pessoal e o inconsciente coletivo,o qual Jung descobriu ao estudar os complexos.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Dioniso - Mitologia Grega




Dioniso, o deus misterioso chamado de "O que nasceu duas vezes", era filho de Zeus e da mortal Sêmele, princesa de Tebas. Hera, a esposa de Zeus, enfurecida com a traição do marido disfarçou-se e encontrou Sêmele ainda grávida e a persuadiu a pedir a Zeus que lhe mostrasse todo o seu esplendor.

Zeus havia prometido a Sêmele jamais negar-lhe algo e ao satisfazê-la, Sêmele não suportou a visão de Zeus com um grande clarão e morreu fulminada. Mas Zeus na tentativa de salvar a criança ordenou a Hermes que a costurasse em sua coxa. Assim, ao terminar a gestação, Dioniso nasceu vivo e perfeito.

Contudo Hera continuou a perseguir a estranha criança de chifres e ordenou aos Titãs que a matassem. Mais uma vez Zeus interferiu e resgatou o coração da criança e o cozinhou junto com sementes de romã transformando numa poção mágica que deu a Perséfone, esposa do deus das trevas. Persefone engravidou e novamente Dioniso nasceu. Por isso passou a ser chamado "o que nasceu duas vezes", deus da luz e do êxtase.

Convocado por Zeus para viver na terra junto aos homens, Dioniso compartilhava com os mortais das alegrias e das tristezas. Mas Dioniso foi atingido pela loucura de Hera indo perambular pelo mundo junto aos sátiros selvagens, dos loucos e dos animais. Deu à humanidade o vinho e suas bençãos. Concedeu o êxtase da embriaguez e a redenção espiritual a todos que decidiam abandonar suas riquezas e renunciar ao poder material.

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Dioniso representa o impulso misterioso dentro de cada um de nós, aquilo que nos impele ao desconhecido e às mudanças. O deus surge como um animal e nos remete à dimensão intuitiva e irracional da personalidade humana, algo como um instinto ou sexto sentido. Representa nosso impulso para nos lançarmos a novos caminhos e horizontes desconhecidos.

No entanto, os impulsos irracionais podem nos levar à criatividade mas também podem nos levar à destruição, se nos lançarmos em situações perigosas, mas também não podemos nos lançar na monotonia de uma vida insignificante. No início de uma viagem não temos garantia de chegarmos e nem quando chegaremos mas pior é não partir pois estaríamos negando nosso potencial criativo, que é muito maior que nós mesmos.

A Deusa Deméter - Mitologia Grega

A deusa Deméter ou Ceres, soberana da natureza e protetora das criaturas jovens e indefesas, era a responsável pelo amadurecimento anual do grão e ao final do verão todos lhe agradeciam pela fatura. Ela regia os ciclos da natureza e de todas as coisas vivas, usando suas múltiplas cores. Presidia a gestação, o nascimento e abençoava os ritos do matrimônio como perpetuação da natureza. Deméter é a deusa matriarcal, que ensinou aos homens as artes de arar, plantar e colher, e ensinou às mulheres a arte de fazer o pão.

Deméter vivia em harmonia com sua filha Perséfone, que gostava de passear pelos campos. Mas um dia Perséfone saiu e não retornou. Depois de muitos anos de busca, Deméter descobriu que Hades, o senhor das trevas, havia raptado sua filha e a tinha levado ao mundo subterrãneo. Enfurecida Deméter ordenou que a terra secasse e recusou a devolver a abundância.

Embora sua filha Perséfone tenha se tornado a rainha das trevas e era bem tratada por Hades, Deméter não se conformava e queria a filha de volta. Hermes, o mensageiro dos deuses, foi incumbido de intervir para resolver a questão e fizeram um acordo. Durante nove meses do ano Perséfone viveria com sua mãe mas durante três meses deveria retornar para o marido.

Embora mantivesse o acordo, Deméter nunca se conformou. Em todos os anos, durante a ausência da filha, Deméter chorava e se lamentava; a terra se tornava fria, as folhas caiam e nada produzia, dando origem ao inverno. Mas logo quando a filha retornava, Demeter fazia florescer as flores, iniciando a primavera.




Deméter reflete a experiência da maternidade que não está restrita à gestação, nascimento e aleitamento mas também à descoberta do corpo como algo precioso e que merece cuidados e atenção. É a conscientização de sermos parte da natureza, de estarmos ligados à vida natural e apreciar os prazeres da vida diária. Se não temos Deméter dentro de nós não podemos gerar, dar frutos, pois esse é o aspecto que nos faz ter paciência para esperar que as coisas amadureçam e assim podemos agir. É saber respeitar os limites da realidade.
Deméter é sábia e sua sabedoria vem da natureza que se movimenta em ciclos e sabe que deve esperar pois tudo amadurece na hora certa. No entanto, Deméter mostra seu lado sombrio, apático e enlutada que não consegue abrir mão do que julga possuir e se rebela contra qualquer invasão ao seu mundo harmônico. Então quando ocorre alguma intromissão, ela se torna rancorosa e magoada, mesmo sabendo que a vida é cheia de separações e mudanças.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

UNIVERSO JUNGUIANO E ARTETERAPIA (PARTE 2)

                                    UNIVERSO JUNGUIANO E ARTETERAPIA (PARTE 2)





A abordagem junguiana parte da premissa que os indivíduos, no curso natural de suas vidas, em seus processos de autoconhecimento e transformação, são orientados por símbolos. Estes emanam do SELF, centro de saúde, equilíbrio e harmonia, representando para cada um o potencial mais pleno, a totalidade da psique, a essência de cada um. Na vida, o self através de seus símbolos, precisa ser reconhecido, compreendido e respeitado.Em Arteterapia com abordagem
Junguiana, o caminho será fornecer suportes materiais adequados para que a energia psíquica plasme símbolos em
criações diversas.
Estas produções simbólicas retratam a psique em múltiplos estágios, ativando e realizando a comunicação entre INCONSCIENTE e EGO. Este processo colabora para a compreensão e resolução de estados afetivos conflituados
, favorecendo a estruturação a expansão da personalidade através da criação. Estes símbolos, presentes nas criações plásticas, poderão estar também presentes nas imagens oníricas e até mesmo no próprio corpo, através de alterações no funcionamento do organismo, gerando as chamadas “doenças criativas”que indicam a urgente necessidade de reflexão e transformação de padrões de funcionamento psíquico.
(Por Ângela Philippini )

UNIVERSO JUNGUIANO E ARTETERAPIA (PARTE 1)

        UNIVERSO JUNGUIANO E ARTETERAPIA (PARTE 1)



Desde tempos imemoriais as manifestações artísticas são o documentário psíquico da coletividade e simultaneamente as representações da singularidade dos indivíduos. Já no século 5 A.C. existem registros da Arte sendo usada na Grécia, como um recurso terapêutico para promoção, manutenção e recuperação da saúde. Desde aquela época a arte era considerada como reveladora, transformadora e colaboradora na construção de seres mais criativos e saudáveis.
Dentro do universo junguiano sempre esteve presente pois é prática rotineiramente incluída entre as estratégias terapêuticas daqueles que trabalham com esta abordagem.
(Por Ângela Philippini )

Alerta de Psicólogo

Este alerta está colocado na porta de um consultório:

A enfermidade é um conflito entre a personalidade e a alma. O resfriado escorre quando o corpo não chora. A dor de garganta entope quando não é possível comunicar as aflições. O estômago arde quando as raivas não conseguem sair. O diabetes invade quando a solidão dói. O corpo engorda quando a insatisfação aperta. A dor de cabeça deprime quando as duvidas aumentam. O coração desiste quando o sentido da vida parece terminar. A alergia aparece quando o perfeccionismo fica intolerável. As unhas quebram quando as defesas ficam ameaçadas. O peito aperta quando o orgulho escraviza. A pressão sobe quando o medo aprisiona. As neuroses paralisam quando a "criança interna" tiraniza. A febre esquenta quando as defesas detonam as fronteiras da imunidade. Os joelhos doem quando o orgulho não se dobra. O câncer mata quando não se perdoa e/ou cansa de viver. E as dores caladas? Como falam em nosso corpo? A enfermidade não é má, ela avisa quando erramos a direção.

O caminho para a felicidade não é reto, existem curvas chamadas Equívocos, existem semáforos chamados Amigos, luzes de precaução chamadas Família, e ajudará muito ter no caminho uma peça de reposição chamada Decisão, um potente motor chamado Amor, um bom seguro chamado Determinação, abundante combustível chamado Paciência. Mas principalmente um maravilhoso Condutor chamado Inteligência.

ARTETERAPIA


                                                       ARTETERAPIA





Arteterapia é um processo terapêutico que se serve do recurso expressivo a fim de conectar os mundos internos e externos do indivíduo, através de sua simbologia. Variados autores definiram a Arteterapia, todos com conceitos semelhantes no que diz respeito à auto-expressão. É a arte livre, unida ao processo terapêutico, que transforma a Arteterapia em uma técnica especial. Segundo a Associação Brasileira de Arteterapia, é um modo de trabalhar utilizando a linguagem artística como base da comunicação cliente-profissional. Sua essência é a criação estética e a elaboração artística em prol da saúde.
O que é a arteterapia, e como ela pode melhorar a vida das pessoas?
Embora antiga, foi reconhecida como tratamento auxiliar da Medicina apenas no século XX. Consiste no uso da escultura, pintura e outras formas de expressão para o autoconhecimento, o controle de sintomas e o tratamento de problemas e doenças. A atividade criativa e a relação que estabelece com ela e com o arteterapeuta é que permitem à pessoa se conhecer melhor e evoluir.
A arteterapia utiliza o desenho, a pintura, a escultura, a modelagem, o teatro, a dança e outros recursos de expressão para o autoconhecimento, a suavização de sintomas e o tratamento de problemas e doenças.

Enquanto em outras formas de tratamento, como a Medicina, o paciente relata ao profissional que o está atendendo o que o incomoda ou aflige, na arteterapia ele as expressa por meio de uma ou mais atividades artísticas de sua preferência. O processo de criação e a relação que estabelece com elas e com o arteterapeuta é que vão lhe permitir se conhecer melhor e evoluir. A cada desenho ou modelagem, o conteúdo da pessoa toma forma e ela sente que pode transformar suas aflições e suas angústias em cor e movimento, em arte. Assim, suaviza e aprende a relativizar padrões que antes aprisionavam, descobre que pode criar novas maneiras para lidar com os problemas. A arteterapia é um tratamento auxiliar da Medicina, como a fisioterapia e a acupuntura, entre outros. Seu uso é reconhecido pela Asssociação Médica Brasileira e pela Associação Brasileira de Medicina e Arte como terapia coadjuvante. O austríaco Sigmund Freud (1856-1939), criador da Psicanálise, já apontava o papel da arte no processo terapêutico. Mas foi o psiquiatra suíço Carl G. Jung (1875-1961) quem, no começo do século XX, começou a usar a arte como recurso terapêutico com os próprios pacientes. Também colaborou para o estabelecimento da arte na terapia o pediatra e psicanalista inglês Donald Winnicott (1896-1971). Dois pioneiros no Brasil, na primeira metade do século XX, foram o médico Osório César e a psiquiatra Nise da Silveira(1906- 1999), que desenvolveram seu trabalho em hospitais psiquiátricos. Hoje é usada em todo o mundo e ganha mais espaço também aqui.

O tempo de tratamento varia de acordo com a necessidade de cada um. Ocorre tanto individualmente quanto em pequenos grupos. Pode ser usada por qualquer um que queira se aperfeiçoar e rever problemas como baixa auto-estima, dificuldades de relacionamento interpessoal, angústia, estresse e ansiedade. Pode aliviar sintomas de doenças, como câncer e vitiligo, e promover mais qualidade de vida. É usada também no tratamento de crianças e adolescentes hiperativos ou com dificuldade de aprendizado. Além disso, é recomendada, entre outras situações, na recuperação de quem sofreu traumatismos ortopédicos ou cerebrais. São infinitas, portanto, as possibilidades oferecidas pela arteterapia.
Artigo : Yasmin Assad

(((MÚSICA)))

                                                     (((MÚSICA)))




UM REMÉDIO SEM EFEITOS COLATERAIS?
A música tem efeitos neuroquímicos que podem melhorar o sistema imunológico, reduzir a ansiedade e até mesmo regular o humor. A descoberta é de uma dupla de psicólogos da Universidade de McGill, no Canadá.

A pesquisa aponta que certas músicas podem elevar a produção de imunoglobulina A (um tipo de anticorpo) e de glóbulos brancos, responsáveis por atacar invasores como bactérias e germes.

Os cientistas Mona Lisa Chanda e Daniel Levitin descobriram que ouvir ou até mesmo tocar música pode reduzir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e elevar os níveis de oxitocina, relacionado ao bem-estar. Isso melhora o humor e facilita as interações sociais. Músicas mais lentas com melodias suaves tendem a ser mais relaxantes do que canções com ritmo mais rápido.

Para chegar a essa conclusão, Chanda e Levitin analisaram mais de 400 pesquisas que associam a música com processos neuroquímicos específicos. Vários estudos indicam que a música pode até mesmo controlar a dor.

A dupla canadense propõe que médicos e terapeutas comecem a levar a música mais a sério. Chanda e Levitin esperam que a música possa ser usada como calmante antes da cirurgia. A pesquisa dos canadenses destaca que tratamentos baseados em música não são invasivos e têm efeitos colaterais mínimos. Além disso, são baratos e "naturais".


Fonte: http://exame.abril.com.br/

EROS & PSIQUE - Parte III

EROS & PSIQUE - Parte III

Pintura : Psyche Opening the Golden Box - John William Waterhouse 


Primeiramente, deveria, antes do anoitecer, separar uma grande quantidade de grãos misturados de trigo, aveia, cevada, feijões e lentilhas. Psique ficou assustada diante de tanto trabalho, porém uma formiga que estava próxima, ficou comovida com a tristeza da jovem e convocou seu exército a isolar cada uma das qualidades de grão.
Como 2ª tarefa, Afrodite ordenou que fosse até as margens de um rio onde ovelhas de lã dourada pastavam e trouxesse um pouco da lã de cada carneiro. Psique estava disposta a cruzar o rio quando ouviu um junco dizer que não atravessasse as águas do rio até que os carneiros se pusessem a descansar sob o sol quente, quando ela poderia aproveitar e cortar sua lã. De outro modo, seria atacada e morta pelos carneiros. Assim feito, Psique esperou até o sol ficar bem alto no horizonte, atravessou o rio e levou a Afrodite uma grande quantidade de lã dourada.
Sua 3ª tarefa seria subir ao topo de uma alta montanha e trazer para Afrodite uma jarra cheia com um pouco da água escura que jorrava de seu cume. Dentre os perigos que Psique enfrentou, estava um dragão que guardava a fonte. Ela foi ajudada nessa tarefa por uma grande águia, que voou baixo próximo a fonte e encheu a jarra com a negra água.

Irada com o sucesso da jovem, Afrodite planejou uma última, porém fatal, tarefa. Psique deveria descer ao mundo inferior e pedir a Perséfone, que lhe desse um pouco de sua própria beleza, que deveria guardar em uma caixa. Desesperada, subiu ao topo de uma elevada torre e quis atirar-se, para assim poder alcançar o mundo subterrâneo. A torre porém murmurou instruções de como entrar em uma particular caverna para alcançar o reino de Hades. Ensinou-lhe ainda como driblar os diversos perigos da jornada, como passar pelo cão Cérbero e deu-lhe uma moeda para pagar a Caronte pela travessia do rio Estige, advertindo-a:
- "Quando Perséfone lhe der a caixa com sua beleza, toma o cuidado, maior que todas as outras coisas, de não olhar dentro da caixa, pois a beleza dos deuses não cabe a olhos mortais."

Seguindo essas palavras, conseguiu chegar até Perséfone, que estava sentada imponente em seu trono e recebeu dela a caixa com o precioso tesouro. Tomada porém pela curiosidade em seu retorno, abriu a caixa para espiar. Ao invés de beleza havia apenas um sono terrível que dela se apossou.
Eros, curado de sua ferida, voou ao socorro de Psique e conseguiu colocar o sono novamente na caixa, salvando-a.
Lembrou-lhe novamente que sua curiosidade havia novamente sido sua grande falta, mas que agora podia apresentar-se à Afrodite e cumprir a tarefa.

Enquanto isso, Eros foi ao encontro de Zeus e implorou a ele que apaziguasse a ira de Afrodite e ratificasse o seu casamento com Psique. Atendendo seu pedido, o grande deus do Olimpo ordenou que Hermes conduzisse a jovem à assembléia dos deuses e a ela foi oferecida uma taça de ambrosia. Então com toda a cerimônia, Eros casou-se com Psique, e no devido tempo nasceu seu filho, chamado Voluptas (Prazer).

EROS & PSIQUE - Parte II

EROS & PSIQUE - Parte II



       Pintura : The Abduction of Psyche - William Bouguereau - 1895


Ao receber novamente suas irmãs, Psique contou-lhes que estava grávida, e que sua criança seria de origem divina. Suas irmãs ficaram ainda mais enciumadas com sua situação, pois além de todas aquelas riquezas, ela era a esposa de um lindo deus. Assim, trataram de convencer a jovem a olhar a identidade do esposo, pois se ele estava escondendo seu rosto era porque havia algo de errado com ele. Ele realmente deveria ser uma horrível serpente e não um deus maravilhoso.
Assustada com o que suas irmãs disseram, escondeu uma faca e uma lâmpada próximo a sua cama, decidida a conhecer a identidade de seu marido, e se ele fosse realmente um monstro terrível, matá-lo. Ela havia esquecido dos avisos de seu amante, de não dar ouvidos a suas irmãs.

A noite, quando Eros descansava ao seu lado, Psique tomou coragem e aproximou a lâmpada do rosto de seu marido, esperando ver uma horrenda criatura. Para sua surpresa, o que viu porém deixou-a maravilhada. Um jovem de extrema beleza estava repousando com tamanha quietude e doçura que ela pensou em tirar a própria vida por haver dele duvidado.
Enfeitiçada por sua beleza, demorou-se admirando o deus alado. Não percebeu que havia inclinado de tal maneira a lâmpada que uma gota de óleo quente caiu sobre o ombro direito de Eros, acordando-o.

Eros olhou-a assustado, e voou pela janela do quarto, dizendo:
- "Tola Psique! É assim que retribuis meu amor? Depois de haver desobedecido as ordens de minha mãe e te tornado minha esposa, tu me julgavas um monstro e estavas disposta a cortar minha cabeça? Vai. Volta para junto de tuas irmãs, cujos conselhos pareces preferir aos meus. Não lhe imponho outro castigo, além de deixar-te para sempre. O amor não pode conviver com a suspeita."

Quando se recompôs, notou que o lindo castelo a sua volta desaparecera, e que se encontrava bem próxima da casa de seus pais. Psique ficou inconsolável. Tentou suicidar-se atirando-se em um rio próximo, mas suas águas a trouxeram gentilmente para sua margem. Foi então alertada por Pan para esquecer o que se passou e procurar novamente ganhar o amor de Eros.
Por sua vez, quando suas irmãs souberam do acontecido, fingiram pesar, mas partiram então para o topo da montanha, pensando em conquistar o amor de Eros. Lá chegando, chamaram o vento Zéfiro, para que as sustentasse no ar e as levasse até Eros. Mas, Zéfiro desta vez não as ergueram no céu, e elas caíram no despenhadeiro, morrendo.

Psique, resolvida a reconquistar a confiança de Eros, saiu a sua procura por todos os lugares da terra, dia e noite, até que chegou a um templo no alto de uma montanha. Com esperança de lá encontrar o amado, entrou no templo e viu uma grande bagunça de grãos de trigo e cevada, ancinhos e foices espalhados por todo o recinto. Convencida que não devia negligenciar o culto a nenhuma divindade, pôs-se a arrumar aquela desordem, colocando cada coisa em seu lugar. Deméter, para quem aquele templo era destinado, ficou profundamente grata e disse-lhe:
- "Ó Psique, embora não possa livrá-la da ira de Afrodite, posso ensiná-la a fazê-lo com suas próprias forças: vá ao seu templo e renda a ela as homenagens que ela, como deusa, merece."
Afrodite, ao recebê-la em seu templo, não esconde sua raiva. Afinal, por aquela reles mortal seu filho havia desobedecido suas ordens e agora ele se encontrava em um leito, recuperando-se da ferida por ela causada. Como condição para o seu perdão, a deusa impôs uma série de tarefas que deveria realizar, tarefas tão difíceis que poderiam causar sua morte.

EROS & PSIQUE - Parte I

EROS & PSIQUE - Parte I


Escultura : Antonio Canova - Eros & Psique


Psique era a mais nova de três filhas de um rei de Mileto e era extremamente bela. Sua beleza era tanta que pessoas de várias regiões iam admirá-la, assombrados, rendendo-lhe homenagens que só eram devidas à própria Afrodite.

Profundamente ofendida e enciumada, Afrodite enviou seu filho, Eros, para fazê-la apaixonar-se pelo homem mais feio e vil de toda a terra. Porém, ao ver sua beleza, Eros apaixonou-se profundamente.
O pai de Psique, suspeitando que, inadvertidamente, havia ofendido os deuses, resolveu consultar o oráculo de Apolo, pois suas outras filhas encontraram maridos e, no entanto, Psique permanecia sozinha. Através desse oráculo, o próprio Eros ordenou ao rei que enviasse sua filha ao topo de uma solitária montanha, onde seria desposada por uma terrível serpente. A jovem aterrorizada foi levada ao pé do monte e abandonada por seu pesarosos parentes e amigos. Conformada com seu destino, Psique foi tomada por um profundo sono, sendo, então, conduzida pela brisa gentil de Zéfiro a um lindo vale.
Quando acordou, caminhou por entre as flores, até chegar a um castelo magnífico. Notou que lá deveria ser a morada de um deus, tal a perfeição que podia ver em cada um dos seus detalhes. Tomando coragem, entrou no deslumbrante palácio, onde todos os seus desejos foram satisfeitos por ajudantes invisíveis, dos quais só podia ouvir a voz.

Chegando a escuridão, foi conduzida pelos criados a um quarto de dormir. Certa de ali encontraria finalmente o seu terrível esposo, começou a tremer quando sentiu que alguém entrara no quarto. No entanto, uma voz maravilhosa a acalmou. Logo em seguida, sentiu mãos humanas acariciarem seu corpo. A esse amante misterioso, ela se entregou.. Quando acordou, já havia chegado o dia e seu amante havia desaparecido. Porém essa mesma cena se repetiu por diversas noites.

Enquanto isso, suas irmãs continuavam a sua procura, mas seu esposo misterioso a alertou para não responder aos seus chamados. Psique sentindo-se solitária em seu castelo-prisão, implorava ao seu amante para deixá-la ver suas irmãs. Finalmente, ele aceitou, mas impôs a condição que, não importando o que suas irmãs dissessem, ela nunca tentaria conhecer sua verdadeira identidade.
Quando suas irmãs entraram no castelo e viram aquela abundância de beleza e maravilhas, foram tomadas de inveja. Notando que o esposo de Psique nunca aparecia, perguntaram maliciosamente sobre sua identidade. Embora advertida por seu esposo, Psique viu a dúvida e a curiosidade tomarem conta de seu ser, aguçadas pelos comentários de suas irmãs.
Seu esposo alertou-a que suas irmãs estavam tentando fazer com que ela olhasse seu rosto, mas se assim ela fizesse, ela nunca mais o veria novamente. Além disso, ele contou-lhe que ela estava grávida e se ela conseguisse manter o segredo ele seria divino, porém se ela falhasse, ele seria mortal.

Nise da Silveira


"Pelo conceito que tenham da loucura, porque se deixem impressionar
apenas pelo aspecto miserável, externo do doente, porque não se detenham em observar-lhe pequeninos gestos, sutilíssimos movimentos que deixam transparecer o lado, o outro lado da loucura. Que quando você consegue espiar através de pequenas brechas abertas por estes pequenos gestos, pelas imagens que eles pintam, mostram que do outro lado daquele aspecto miserável, que parece deteriorado, abobalhado, há insuspeitadas riquezas." Nise da Silveira

Foto realizada por Sebastião Barbosa, parte do livro Memória do Saber - Nise da Silveira

Emygdio de Barros (1895-1986)





Emygdio de Barros (1895-1986), que, diagnosticado como esquizofrênico, frequentou o ateliê de artes do Setor de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação (STOR) do Centro Psiquiátrico Nacional (atualmente Instituto Municipal Nise da Silveira), no bairro carioca do Engenho de Dentro.
O ateliê de artes STOR do Centro Psiquiátrico Nacional foi fundado em 1946 pela psiquiatra Nise da Silveira(1905-1999) com o objetivo de criar alternativas aos procedimentos agressivos usados no tratamento de pacientes psiquiátricos naquele momento: a lobotomia, o choque elétrico e a injeção de insulina. Para a médica, a produção plástica era uma porta de entrada para a psique de seus pacientes, uma forma de comunicação com pessoas que tinham grande dificuldade de se expressar verbalmente. Emygdio participou dos primórdios do ateliê, tendo sido assistido pelo artista Almir Mavignier, que foi monitor daquele espaço entre 1946 e 1951. Todos os trabalhos produzidos no ateliê foram guardados pela dra. Nise como fonte de informação sobre o estado psíquico e emocional dos pacientes. Mais tarde, em 1952, essas obras deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente.

Pintura : Emygdio de Barros (1895-1986)

A Arte



Vamos pensar na arte como forma de expressão do ser humano. Poderíamos supor que o homem das cavernas já utilizava a arte como meio de catarse, uma forma de colocar pra fora seus sentimentos e emoções. E muitas foram às manifestações de dor, angústias, luta, morte, vitórias e alegrias representadas nas paredes das cavernas (pinturas rupestres), o que nos faz pensar em projeções do inconsciente representadas por imagens e símbolos. “A arte é quase tão antiga quanto o homem” (Fischer 1971, p. 21).

Nise da Silveira e Carl G. Jung


 Mandala da Adelina Gomes(paciente da Dra. Nise)

Interessada em seu estudo sobre os mandalas, tema recorrente nas pinturas de seus pacientes, Nise da Silveira escreveu em 1954 a Carl Gustav Jung, iniciando uma proveitosa troca de correspondência.
Jung a estimulou a apresentar uma mostra das obras de seus pacientes que recebeu o nome "A Arte e a Esquizofrenia", ocupando cinco salas no "II Congresso Internacional de Psiquiatria", realizado em 1957, em Zurique. Ao visitar com ela a exposição, a orientou a estudar mitologia como uma chave para a compreensão dos trabalhos criados pelos internos.
Nise da Silveira estudou no "Instituto Carl Gustav Jung" em dois períodos: de 1957 a 1958; e de 1961 a 1962. Lá recebeu supervisão em psicanálise da assistente de Jung, Marie-Louise von Franz.
Retornando ao Brasil após seu primeiro período de estudos jungianos, formou em sua residência o "Grupo de Estudos Carl Jung", que presidiu até 1968.
Escreveu, dentre outros, o livro "Jung: vida e obra", publicado em primeira edição em 1968.





quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Anima e Animus

ANIMA E ANIMUS




Anima e animus, derivados do termo latino Anima (Alma), referem-se à imagem da alma de um indivíduo, respectivamente masculina ou feminina.

São pólos de manifestação da mesma dinâmica arquetípica, que rege as relações entre o “Eu” e o “Não-Eu”, isto é, as relações com o mundo externo: os Outros.

Jung não compreendia a anima como alma num sentido “teológico” ou “metafísico”. Utilizou estes termos como símbolos da característica contra-sexual de cada indivíduo, parte do princípio da complementaridade, através do qual a psique se move. São imagens psíquicas, configurações originárias de uma estrutura arquetípica básica, provenientes do inconsciente coletivo e subliminares à consciência, funcionando a partir da psique inconsciente, influindo sobre o principio psíquico dominante de um homem ou de uma mulher.

Segundo Jung, “A anima, sendo feminina, é a figura que compensa a consciência masculina. Na mulher, a figura compensadora é de caráter masculino, e pode ser designada pelo nome de animus” (Obras Completas C. G. Jung, Vol.VII, §328).

O animus e a anima são como parceiros invisíveis que podem ser conhecidos, ou não, do Eu do indivíduo.

A anima é formada pela projeção da psique do menino na mãe; o animus é formado pela projeção da filha no pai. Posteriormente, com o crescimento, espera-se que os filhos gradualmente retirem essas projeções das figuras parentais, transferindo-as para outras mulheres, no caso do homem, e outros homens, no caso das mulheres.

Quando estas imagens da alma (anima no homem e animus na mulher) são integradas à consciência do indivíduo, elas realmente tornam-se suas parceiras de desenvolvimento e de crescimento. Para o homem, uma anima integrada traz para sua personalidade sensibilidade, intuição, afetividade, paciência, flexibilidade; para a mulher, um animus integrado traz direcionamento, racionalidade, assertividade. Usa-se o termo “integrado”, pois é a união dos pares de opostos (masculino – feminino) na personalidade, ou seja, a pessoa adquire essas qualidades do seu parceiro invisível sem perder a qualidade da sua própria identidade sexual.

Porém, quando permanecem indiferenciadas e inconscientes, geram quadros clínicos de psicopatologias. Por exemplo: o homem projeta na sua namorada ou esposa sua imagem de anima, gerando uma série de conflitos conjugais, pois ele não estará se relacionando com a sua parceira realmente, mas com sua anima projetada, um aspecto dele próprio projetado. O mesmo pode ocorrer com a mulher. Desta forma, um parceiro nunca conseguirá corresponder às imagens da alma. Um indivíduo do sexo masculino nestas condições pode vir a ser possuído por este complexo, tendo reações indesejáveis, como crises nervosas, alterações repentinas de humor, tentativa de impor sua vontade a qualquer custo, sem racionalidade, além de apresentar angústia e medos afetivos; uma mulher pode também apresentar problemas relativos a sua afetividade, sendo racional demais, agressiva, impaciente, autoritária, obstinada.

A psicoterapia contribui para que o “eu” do indivíduo possa confrontar-se com a imagem da alma, perceber os conteúdos que está projetando, tomando consciência e ampliando-a, assim conhecendo-se melhor e ao outro e tornando-se capaz de se relacionar melhor com sua vida e com o mundo.

Extraído do site : http://www.psicologiasandplay.com.br/psicologia-analitica/#anima_e_animus

Carência Afetiva





CARÊNCIA AFETIVA

O que acontece na maioria dos casos é que não fomos habilitados para suprir nossas carências, pelo menos por um tempo. Em alguns casos esse suprimento afetivo só é suprido se estivermos com um parceiro ou parceira. Não é a toa que muitas pessoas não conseguem ficar sozinhas.

Temos diversas fontes de afeto que não são reconhecidas, pois nossa cultura quase exige que estejamos namorando ou casados. Apesar de não ser uma garantia para a plenitude afetiva. Por conta dessa crença ficamos menos seletivos e acabamos entrando em relacionamentos que são transformados em sofrimento quando acabam os encantos.

O medo da solidão nos leva a se envolver com pessoas sem caráter, desrespeitosas, na ilusão de que estar junto com alguém estamos livres da carência. Não nos damos conta de que continuamos esvaziados de afeto, implorando amor e atenção.

A carência afetiva em excesso pode ser prejudicial para o relacionamento do indivíduo na sociedade. É preciso saber lidar com esse problema. Caso não consiga resolver esta questão por si mesma, procure um Psicólogo.(Texto- Mundo das Tribos)



Você é ou conhece alguém que está sempre de mau humor,  irritado, é pessimista, tem baixa autoestima e é uma pessoa difícil de se lidar?
Isso pode não ser uma característica de personalidade, mas sim de uma depressão crônica, leve, chamada Distimia.
O diagnóstico não é muito fácil, já que muitas vezes as pessoas acreditam que são assim: chatas mesmo. rs
Na maioria das vezes, ela só é diagnosticada quando uma depressão mais grave aparece e, assim, a pessoa acaba tendo que procurar tratamento psicológico e psiquiátrico. Neste momento a mágica acontece!
A pessoa que vivia irritada e de mau humor, começa a ver graça e beleza na vida, como se tivesse realmente mudado de personalidade. Mas, na realidade; ela estava doente há muito tempo e não havia se dado conta disso.
A Distimia pode aparecer em qualquer idade, mas predominantemente na adolescência e em mulheres.

Principais Sintomas

Irritabilidade
Mau humor
Baixa auto-estima
Desânimo e tristeza
Falta de vontade para fazer coisas
Pensamentos negativos
Alterações do apetite e do sono
Isolamento social
Tendência ao abuso de drogas lícitas, ilicítas e de tranquilizantes.
Segundo Dr. Dráuzio Varela:
Tratamento

A associação de medicamentos antidepressivos com psicoterapia tem apresentado bons resultados no tratamento da distimia. Isoladamente, um e outro não funcionam a contento. Embora os antidepressivos corrijam o distúrbio biológico, o paciente precisa aprender novas possibilidades de reagir e estabelecer relações interpessoais.
A psicoterapia sem respaldo farmacológico é contraproducente, porque cobra uma mudança de comportamento que a pessoa é incapaz de atingir por causa de sua limitação orgânica.
Recomendações

* Se você conhece alguém sempre de mau humor, irritado, pessimista, considere a possibilidade de que seja portador distimia, um distúrbio do humor para o qual existe tratamento, e tente convencê-lo a procurar assistência médica;
* Fique atento: a distimia, assim como a depressão clássica, pode acometer crianças e adolescentes. Às vezes, esses transtornos estão camuflados atrás do baixo rendimento escolar, do comportamento anti social e do temperamento agressivo que não conseguem controlar;
* Se, nos últimos dois anos pelo menos, seus amigos e parentes têm comentando que você anda de cara amarrada, irritado, descontente com tudo e com todos, esteja certo de que isso não é normal, procure um médico;
* Não subestime os sintomas da distimia. Para aliviar os sintomas, é comum o paciente recorrer ao uso de drogas e de tranquilizantes. Em 15% a 20% dos casos, surge ideação suicida;
* Não se engane: não atribua ao envelhecimento, a casmurrice, o mau humor e as queixas do idoso que só reclama e não quer sair de casa. A distimia pode acometer pessoas na terceira idade;
* Mantenha a adesão ao tratamento farmacológico e à psicoterapia. Os medicamentos ajudam a corrigir o problema físico e a  psicoterapia, a aprender novas formas de relacionamento.
(Eliza de Andrade Paula)

Reflexão de Carl G. Jung

                                                 Reflexão de Carl G. Jung




Tenho visto as pessoas tornarem-se freqüentemente neuróticas quando se contentam com respostas erradas ou inadequadas para as questões da vida. Elas buscam posição, casamento, reputação, sucesso externo ou dinheiro, e continuam infelizes e neuróticas mesmo depois de terem alcançado aquilo que tinham buscado. Essas pessoas encontram-se em geral confinadas a horizontes espirituais muito limitados. Sua vida não tem conteúdo ou significado suficientes. Se têm condições para ampliar e desenvolver personalidades mais abrangentes sua neurose costuma desaparecer.
Carl Jung

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Salve a Dra. Nise da Silveira !


Dra. Nise da Silveira

"Cada um desses indivíduos- esquizofrênicos ou marginais de vários gêneros- possui suas peculiaridades, mas todos têm contato íntimo com as forças naturais, brutas, virgens do inconsciente. Que hajam configurado visões, sonhos, vivências nascidas dessas forças primígenas, eis um dos mistérios maiores da psique humana" (Dra Nise da Silveira).


Dra Nise foi uma mulher a frente do seu tempo e um ser humano dotado de extrema sensibilidade e amor ao próximo. Essa mulher fez da sua vida um sacerdócio, dedicando-se de corpo e alma a causa da saúde mental, certamente é um exemplo e uma inspiração, tanto para mim, quanto para outros profissionais de saúde. Tive honra de estagiar, em 2000, no Museu de Imagens do Inconsciente (visiste o site), do qual Dra Nise foi idealizadora e fundandora. O Museu está localizado no Engenho de Dentro (RJ), no antigo Hospital Psiquiátrico Pedro II.

Dra Nise da Silveira foi uma psiquiatra que, inconformada com as práticas terapêuticas de sua época (eletrochoque, insulinoterapia, lobotomia e confinamento), falamos da década de 40, inovou criando no Hospital Psiquiátrico Pedro II, a seção de Terapêutica Ocupacional. O trabalho para fundamentar cientificamente esta nova forma de lidar com os pacientes foi um desafio assumido pela Dra Nise, e os resultados não demoraram a aparecer, juntamente com o surgimento de um grande volume de produções realizadas pelos pacientes (especialmente pinturas e modelagens), veio a melhora significativas no quadro clínico de vários internos. As imagens que resultaram desse trabalho passaram a intrigar a Dra Nise, esta buscou apoio na teoria junguiana para elucidá-las. lançar um olhar sobre a produção de um paciente era ter acesso a sua psique, coisa quase impossivel de ser feita por outra via, especialmente na esquisofrenia.

Dra Nise viu que muitas das imagens produzidas eram formas circulares ou próximas do círculo, símbolo da unidade e da integração e identicas as imagens utilizadas para meditação e representação das divindades das religiões orientais. Ela se perguntou como e porque pessoas psiquicamente cindidas estariam estar produzindo, em profusão, simbolos da unidade? Dra Nise encontrou apoio em Jung que também ficou muito interessado nessas imagens. A psique possui, assim como o corpo, potencial autocurativo, e busca compensar a situação caótica da mente e a dissociação por meio da produção de símbolos, que são pontes entre o mundo da psique e o mundo exterior, ou seja, a realidade objetiva. Este trabalho realizado pela Dra Nise da Silveira acabou introduzindo a psicologia analítica junguiana no Brasil, e entre Jung e Dra Nise inicou-se uma profícua troca de experiências. Jung literalmente mandou a Dra Nise estudar os mitos, sem o conhecimento destes, não seria possivel uma compreensão mais profunda das representações produzidas pelos pacientes. Muitas imagens surgidas no ateliê tinham semelhanças com temas míticos universais, e os autores dos trabalhos, eram em grande parte, pessoas humildes, de classes sociais que não lhes permitiam grande acervo de conhecimento da cultura de outros lugares.
Esse trabalho é um marco para a psiquiatria no mundo, infelizmente mais conhecido e reconhecido no exterior que no Brasil e abriu portas para mudanças significativas na forma de tratamento no campo da saúde mental, certamente um orgulho para todos nós terapeutas e brasileiros. A psicologia junguiana não tem como único objetivo encontrar mitos representados na produção dos pacientes psiquiátricos, o seu interesse maior está em identificar e acompanhar nas produções o processo contínuo de elaboração dos conteúdos psiquicos, visando melhorar a orientação do tratamento para a melhora do paciente.